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É verão no Jardim Botânico do Rio de Janeiro


Saíra-sete-cores jovem | Tangara seledon

2 MINUTOS DE LEITURA

O último ano se passou e somente agora me dei conta de que, pela primeira vez desde a criação do site, passei mais de doze meses sem escrever os textos de que tanto gosto para os estimados leitores deste blog. É que a vida moderna tem os seus meandros, e muitas vezes nos vemos enredados numa espiral de agitação tão grande, que acabamos perdendo o contato com nossa essência e com aquilo que nos faz felizes.

Exposição e teatro infantil no Museu do Meio Ambiente


Vai até o próximo dia 02 de fevereiro, no Museu do Meio Ambiente, localizado no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, a exposição sobre o Monumento Natural das Ilhas Cagarras, organizada pelo Instituto Mar Adentro, uma associação civil sem fins lucrativos que trabalha para produzir e divulgar o conhecimento sobre os ecossistemas aquáticos e estimular o envolvimento das pessoas com medidas de conservação ambiental.

No local também são exibidos um documentário sobre o Monumento Natural das Ilhas Cagarras e a peça de teatro infantil interativa "A Batalha da Natureza", às 11h e 15h, em que a garotada é convidada a participar de um jogo entre o time da Flora e da Fauna.

O teatro tem um grande apelo junto ao público infanto-juvenil, mas a exposição é também voltada para os adultos, trazendo imagens raras e exclusivas de espécies de animais e plantas, simulação de sítio arqueológico e mais de 100 exemplares da Coleção Zoológica Didático-Científica do Museu Nacional, salvos do incêndio de 2018, incluindo estrela-do-mar, corais, bolacha-do-mar e alguns animais empalhados, como fragata, atobá e tubarão-martelo.

Um oportunidade imperdível para estimular as novas gerações ao engajamento à causa ambiental. Os eventos, que ocorrem de quarta a domingo, são gratuitos e se encerram no dia 02 de fevereiro próximo. Corra lá e leve sua família ou seus alunos para um dia de conscientização ambiental!

*Publicado em 26/01/2020



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Exposição sobre Charles Darwin no Jardim Botânico do Rio



1 MINUTO DE LEITURA

Inaugurada no dia 30 de agosto, a exposição gratuita 'Darwin: Origens & Evolução' ficará aberta ao público até 30 de outubro no Museu do Meio Ambiente, localizado no Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

Com 295 peças que vão de fósseis e ilustrações a fotos e obras de arte contemporânea, a mostra comemora os 210 anos de nascimento do naturalista britânico Charles Darwin, autor da teoria da seleção natural, e os 160 anos de sua obra mais relevante, "A Origem das Espécies".

Se quiser conhecer algumas curiosidades da vida do naturalista antes de ir à exposição, não deixe de ler nossa matéria Um retrato de Charles Darwin, em que fizemos uma resenha sobre o livro "Darwin - retrato de um gênio", do jornalista e historiador inglês Paul Johnson.

Por Cristiano Pedras

(publicado em 18/09/2019)


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Lótus sagrado indiano floresce após mais de uma década no Jardim Botânico do Rio


Lótus-rosa (Nelumbo nucifera)
Jardim Botânico do Rio de Janeiro | janeiro de 2019
(clique para ampliar)
2 MIN, DE LEITURA

Na última quinta-feira (31), a amiga e fotógrafa Lena Trindade teve o prazer de registrar, num desses momentos marcantes em que somos surpreendidos pela natureza, o Lótus-rosa (Nelumbo nucifera), o lótus sagrado indiano, cujo florescimento não ocorria há mais de uma década no Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

Com um pouco de atraso fui até lá e fiz a fotografia que inicia a matéria, onde se vê a flor aberta, porém com algumas pétalas já caídas no pequeno lago do qual brotou, próximo à estufa de plantas insetívoras. Nada que se compare ao belíssimo registro de Lena Trindade realizado há mais de dez anos no mesmo local.


Lótus-rosa
(fotografado por Lena Trindade há mais de 10 anos)
(clique para ampliar)

A flor-de-lótus tem raízes que mergulham no fundo lodoso de uma lagoa ou rio e dali surgem hastes que se colocam acima da superfície da água. Sua coroa de pétalas com muitas camadas abrem-se ao alvorecer e acompanham o movimento do sol, e quando ele se põe as pétalas fecham-se ao redor da cápsula central das sementes. 

O lótus tem ainda a rara capacidade de controlar a sua temperatura, estabilizando-a entre 30 e 35 graus, bem próximo da temperatura normal do corpo humano.

Por essas características notáveis, sua simbologia é bastante forte nas tradições budista e hindu. 

De acordo com o monge budista vietnamita Thich Nhat Hanh, "as pessoas tendem a achar que seu verdadeiro lar é um lugar onde não há sofrimento, apenas felicidade. Não podemos fazer crescer uma flor de lótus sem lama. É apenas contra o pano de fundo do sofrimento que podemos reconhecer nossa felicidade". (trecho extraído do texto Sem lama, sem lótus)

O florescimento do lótus costuma durar poucos dias, mas com alguma sorte é possível que haja o surgimento de novas hastes florais no local. Quem sabe?

Por Cristiano Pedras

(publicado em 04/02/2019)



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Temporada de ninhos no Jardim Botânico


Tucano-de-bico-preto (Ramphastos vitellinus) no ninho

2 MIN, DE LEITURA

Alheias à polarização ideológica e aos discursos inflamados que vivenciamos recentemente com a disputa eleitoral, as aves iniciaram mais uma temporada de reprodução no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. É sempre um momento especial poder presenciar sua luta diária mais básica por alimento e abrigo, sem qualquer viés ideológico ou disputa de vaidades.

Grande parte delas constrói seu ninho de forma artesanal, juntando com o bico restos de matéria orgânica como gravetos, folhas secas, barro, etc. Parte delas, contudo, não têm essa habilidade, e por isso precisam encontrar cavidades no próprio ambiente natural, como é o caso desse tucano que ilustra a matéria.

Esse registro fotográfico somente foi possível pela generosidade do colega de passarinhada Carlos Vieira, que teve a iniciativa de mostrar esse oco de árvore aparentemente vazio e sem vida, alertando que tinha avistado no início da manhã um Tucano-de-bico-preto em seu interior.

No instante em que apontou para a árvore, eis que, como mágica, surge o tucano, que intuía a presença de um Sagui à espreita e por isso colocou metade de seu corpo para fora do buraco, buscando marcar presença. Retornou ao interior poucos segundos depois.

Como estamos em plena primavera, ainda dá tempo de visitar as áreas verdes na tentativa de avistamentos como esse. A observação das aves, ao contrário da guerra ideológica travada diuturnamente nas mídias sociais, é atividade que somente evoca os melhores sentimentos humanos. Que tal experimentar?

Por Cristiano Pedras

(publicado em 05/11/2018)



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Carnaval das aves no Jardim Botânico do Rio


Um multicolorido Tucano-de-bico-preto (Ramphastos vitellinus)
(fotografado no Jardim Botânico do Rio de Janeiro em 03/02/2018)

1 MIN. DE LEITURA

Mais um Carnaval se aproxima e com ele tornou-se comum, em praticamente toda a cidade do Rio de Janeiro, o cercamento dos jardins de residências, sedes de empresas e prédios públicos como medida preventiva aos foliões beberrões que, lamentavelmente, quase sempre causam danos ao meio ambiente e ao patrimônio alheio.

Há quem goste de toda essa agitação carnavalesca, dos blocos de rua e do clima de alegria e de confraternização que tem muito apelo nessa época. Outros, porém, buscam refúgio em um lugar tranquilo que favoreça a contemplação e a serenidade, enquanto o êxtase coletivo não passa.

Se você não vai sair da cidade e se encaixa no último perfil, mas não abre mão do espetáculo das cores proporcionado pelo Carnaval, uma ótima opção de lazer é visitar o Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Ali não irão faltar beija-flores, saíras e tucanos multicoloridos, além de inúmeras outras espécies da mata atlântica para apreciar e fotografar.

O Jardim Botânico do Rio estará aberto à visitação no período do Carnaval, porém os portões serão fechados durante a passagem dos blocos e reabertos depois que o trânsito nas vias próximas for liberado (os dias e horários dos blocos que passam em frente ao Jardim podem ser acessados aqui).

Por Cristiano Pedras

(publicado em 05/02/2018)



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Viagem pelo Brasil: Spix e Martius no Jardim Botânico do Rio


Lagoa das Aves, no rio São Francisco, atribuída a Martius
(reprodução integrante da exposição "Natureza, ciência e arte
na Viagem pelo Brasil de Spix e Martius - 1817-1820" - Jardim Botânico do Rio de Janeiro)


2 MIN, DE LEITURA

Por meio da exposição "Natureza, ciência e arte na Viagem pelo Brasil de Spix e Martius - 1817-1820", de curadoria do ilustrador botânico Paulo Ormindo, o Jardim Botânico do Rio de Janeiro celebra os 200 anos da expedição dos naturalistas bávaros Spix e Martius pelo Brasil do início do século XIX.

Johann Baptist von Spix, zoólogo, e Carl Friedrich Philipp von Martius, botânico, partiram em missão científica para a América do Sul que acompanharia a arquiduquesa Leopoldina da Áustria em sua viagem para o Brasil, por seu casamento com o então príncipe regente Pedro de Alcântara, futuro Imperador do Brasil, Dom Pedro I.

Da expedição que durou três anos e percorreu várias províncias, do Rio de Janeiro à Amazônia, resultaram materiais e obras importantes para os estudos futuros sobre o Brasil, sendo a mais popular os três volumes de Reise in Brazilien (Viagem pelo Brasil), uma narrativa com textos e imagens sobre a fauna e a flora brasileiras, além de registros etnológicos dos povos indígenas.

A mostra é composta por exemplares originais dos principais títulos publicados por Spix e Martius, todos livros raros pertencentes ao acerco da Biblioteca Barbosa Rodrigues, do Jardim Botânico. Também conta com ilustrações originais e reproduções de trabalhos dos próprios naturalistas e de artistas que com eles colaboraram.

A exposição estará aberta ao público entre os dias 21 de outubro de 2017 a 20 de janeiro de 2018, no Museu do Meio Ambiente, localizado no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, nos seguintes horários: segunda, das 12h às 17h; terça a domingo, das 9h às 17h. Entrada franca.

*Em 2021 foi lançada a Exposição virtual Spix e Martius, uma viagem pelo Brasil, 1817 - 1820 que pode ser acessada aqui.


Mensagem de Fim de Ano

O site Aves & Árvores fará uma pausa de fim de ano. Retornaremos em breve com uma entrevista especial em comemoração ao terceiro ano de criação do site, a ser completado no mês de janeiro de 2018. Desejamos a todos boas festas e um ano novo de muita paz, saúde e prosperidade!



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Concerto ecológico no Jardim Botânico - RJ


Os Pequenos Mozart e Amadeus no Jardim Botânico do Rio

1 MIN, DE LEITURA

Além de conceituado instituto de pesquisa botânica, o Jardim Botânico do Rio é reconhecidamente um espaço de lazer e contemplação da natureza, refúgio para quem busca sossego e tranquilidade na cidade grande.

Ontem (22/10), o Jardim ofereceu uma programação especial no arboreto: Os Pequenos Mozart e Amadeus - grupo composto por crianças a partir de 3 anos que tocam violinos vestidas com roupas da época do compositor Wolfgang Amadeus Mozart (séc. XVIII) - apresentaram notável repertório que foi da música clássica à música popular brasileira, em frente ao Busto de dom João VI.

Na abertura, a Primavera de As Quatros Estações de Vivaldi lembrava a chegada da estação há exato um mês por aqui. A Nona Sinfonia de Beethoven, que remete ao Hino à Alegria, poema escrito por Friedrich Schiller e cantado no quarto movimento da sinfonia, evocava a visão idealista dos seres humanos vivendo em irmandade, algo bastante necessário nos dias atuais.

O encanto proporcionado pelos sons dos instrumentos ecoando através das árvores do Jardim é uma experiência indescritível, e reacende a esperança em um mundo melhor, enquanto houver crianças sensíveis, boa música e natureza preservada.



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Primavera dos sabiás


Sabiá-laranjeira em seu banho primaveril

1 MIN, DE LEITURA

É na primavera recém chegada que os sabiás iniciam o período de reprodução, quando entoam diferentes tipos de canto que variam conforme a espécie e a região do país. Fora da época de acasalamento param inteiramente de cantar, daí a beleza desse momento, que se renova ano a ano.

Como passam o dia todo cantando, inclusive na madrugada, fica mais fácil localizá-los para observar seu comportamento e fazer registros audiovisuais.

Nas últimas semanas estive no Jardim Botânico do Rio especialmente para admirá-los. As espécies residentes ali são o Sabiá-laranjeira (esse da foto que inicia a matéria e que foi flagrado em seu banho primaveril) e o Sabiá-barranco. Deste último fiz o registro do canto em vídeo, como podemos ver (e ouvir) logo abaixo.




O Jardim Botânico também é visitado, em alguns poucos meses do ano, por mais duas espécies, o Sabiá-una e o Sabiá-poca, mas não os avistei em minhas mais recentes caminhadas por lá.

Como é bom testemunhar a sinfonia proporcionada pelo canto das espécies em seu conjunto! E vejam que se diz que o canto dos sabiás no Rio de Janeiro é empobrecido, por conta da vida na cidade grande.



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Coleções de Bromélias à vista de todos


Excedentes da coleção científica de bromélias
(Jardim Botânico do Rio de Janeiro)

A edição de fevereiro da Folha do Jardim, jornal mensal da AAJB que veicula as principais notícias do Jardim Botânico do Rio, trouxe interessante matéria sobre o trabalho que vem sendo desenvolvido pelo botânico Bruno Silva, curador do Bromeliário desde agosto de 2016.

Segundo a publicação, o trabalho consiste na transferência das bromélias excedentes - que seriam descartadas das coleções vivas - para dentro do arboreto, no entorno do Bromeliário.

Trata-se de iniciativa louvável desse pesquisador que merece os nossos aplausos, ao democratizar o acesso dos frequentadores a essas valiosas coleções de inestimável valor científico e cultural.

Em uma das caminhadas que fiz por lá há algumas semanas, pude registrar alguns excedentes de bromélias epífitas do gênero Neorogelia (popularmente conhecidas como "bromélias-tanque"), amarrados no tronco de uma árvore próxima ao eucalipto central, agora à vista de todos.



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Espelho, espelho meu...


Saíra-militar (Tangara cyanocephala)

Desde o fim do ano passado, quando entrevistei o ornitólogo Henrique Rajão para o blog, ainda não havia retornado ao Jardim Botânico para observar aves. Quem leu a entrevista do Henrique deve lembrar que seu pássaro preferido é a saíra-militar, que, de fato, não aparece com a desejada frequência no Jardim.

Num lance de sorte, depois de manhã produtiva em que me considerava satisfeito por fazer um punhado de fotografias legais, me deparei com essa belíssima representante da ave admirada pelo Henrique (e por mim também, claro), ao retornar ao veículo estacionado na área reservada aos membros da AAJB, na Rua Pacheco Leão nº 1235.

A saíra parecia brigar com a própria imagem, refletida na lataria do veículo estacionado bem próximo ao meu. Com a câmera na mão, e depois de algumas tentativas frustradas, fiz o registro fotográfico desse momento.

Também fiz um pequeno vídeo do episódio, que pode ser visto abaixo. Após o ocorrido pensei: feliz da cidade que, apesar de todos os pesares, ainda nos proporciona momentos como esse, não?






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Entrevista com Henrique Rajão


O biólogo especialista em aves (ornitólogo), Henrique Rajão
(Aleia Karl Glasl - Andiroba - Jardim Botânico do Rio de Janeiro)

5 MIN, DE LEITURA

Responsável por conduzir o passeio para observação de aves que ocorre todo último sábado do mês, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, o biólogo especialista em aves Henrique Rajão (46) é o entrevistado de hoje do blog Aves & Árvores, que completou dois anos de criação no último dia 10 de janeiro.

Formado em Biologia pela UFRJ, com mestrado em Zoologia no Museu Nacional e doutorado em Genética pelo Departamento de Genética da UFRJ, Rajão é também professor adjunto do Departamento de Biologia da PUC-RJ e um dos autores do guia de campo Aves do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, além de colaborador do Projeto de Conservação da Fauna do JBRJ.

A entrevista foi concedida num clima informal, durante almoço de confraternização dos integrantes do Clube de Observadores de Aves do Rio de Janeiro (COA-RJ). Como você confere a seguir, Rajão traz algumas curiosidades sobre sua trajetória e um pouco da história do passeio, que em fevereiro de 2017 irá completar 15 anos de existência.


Entrevista com Henrique Rajão


Aves & Árvores: Como surgiu a ideia de um encontro para observação de aves no Jardim Botânico do Rio?

Henrique Rajão: Tudo começou em 2002, quando fui contatado pelo então presidente da Associação dos Amigos do Jardim Botânico, que me disse que um sócio não identificado havia doado vários binóculos, para serem utilizados dentro do Jardim. Daí surgiu a ideia do passeio.

Aves & Árvores: O que achou da ideia?

Henrique Rajão: De início recusei, argumentando que era um "cientista" e não um guia turístico. Após alguma insistência conduzi o encontro que para mim seria o único. Ao final, os participantes ficaram entusiasmados e cobraram uma nova data e o encontro se tornou rotina. Com o tempo percebi a importância dessa integração do ponto de vista da ecologia urbana. O fato é que esse é um encontro pioneiro no Brasil e tem se repetido, mesmo em dias de chuva, ao longo dos últimos 15 anos, que serão completados agora em fevereiro de 2017.

Aves & Árvores: Como descobriu o gosto pelas aves?

Henrique Rajão: Eu gosto de natureza desde pequeno, mas sempre fui apaixonado por mar. Eu morei em Paquetá a minha infância toda e não ligava a mínima para as aves. Gostava de peixe, de polvo, entrei na biologia para fazer biologia marinha. Eu tinha certeza absoluta disso, desde 5 anos de idade.

Aves & Árvores: Quando isso mudou?

Meu primeiro estágio foi em biologia marinha. Foi quando eu vi que não era essa coisa toda, não me encantei tanto. Eu tinha medo de tubarão e mergulhei em lugares com águas turvas, em Angra dos Reis, em um lugar atrás da usina nuclear. Era bem diferente das águas do Caribe que povoavam minha imaginação. Então, na faculdade, por volta do segundo para o terceiro ano, aceitei um convite para fazer estágio em uma fazenda no Pantanal. 

Aves & Árvores: O que te encantou no Pantanal?

Henrique Rajão: Esse estágio era para durar uma semana, mas fiquei por lá três meses, com uma única bermuda e sem camisa. Na maior parte do tempo trabalhei com jacarés, até que na última semana fui encarregado de fazer o levantamento das aves da fazenda. Na época me deram um binóculo e um guia de campo do Dalgas Frisch. As pessoas achavam que eu tinha morrido, porque saía 4h e retornava lá pelas 22h. Eu lembro das Araras-azuis voando ao pôr-do-sol, com aquele barulho vindo de longe, algo de arrepiar. Era uma sexta-feira, por volta das 18h30 e uma colega me perguntou: já imaginou como está a cidade de São Paulo a essa hora, com engarrafamento, buzinas? Quando saí de lá botei na minha cabeça que queria trabalhar com a arara-azul. 

Aves & Árvores: Foi nesse dia que decidiu ser ornitólogo?

Henrique Rajão: Não exatamente. Depois desse estágio fui trabalhar com sapos na Ilha do Cardoso e lembro de um dia de neblina na mata, no pico de uma montanha, um pequeno beija-flor voando, peguei então uma fichinha de campo em que escrevi: "decidi em caráter irrevogável que vou trabalhar com ornitologia".


Ficha de campo de Henrique Rajão (10/04/91)
em que registrou o desejo de ser ornitólogo
(foto: arquivo pessoal)

Aves & Árvores: Tem uma ave preferida?

Henrique Rajão: Tem um passarinho de que gosto muito: a saíra-militar. Ela tem uma faixa vermelha ao redor do pescoço, um absurdo de bonita, mas não aparece com tanta frequência no Jardim.

Aves & Árvores: E dentro do Jardim Botânico, gosta de alguma área em especial?

Henrique Rajão: Talvez a "região amazônica", por ser uma mata fechada, alta, bonita.

Aves & Árvores: Quando está passeando em família, consegue se desligar das aves?

Henrique Rajão: Não sou "viciado" em aves. Gosto de estar em contato com a natureza em geral.

Aves & Árvores: É verdade que tem simpatia pelo budismo? Consegue meditar na mata?

Henrique Rajão: Gosto muito dos textos do monge budista vietnamita Thich Nhat Hanh. Já a meditação, é curioso, não pratico na mata, talvez por estar concentrado nas aves, mas em casa.


Pílula ecológica


A pílula ecológica de hoje não poderia ser diferente: compareça ao Encontro de Observação de Aves no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, conduzido pelo ornitógico Henrique Rajão, que acontece todo último sábado do mês, às 8h da manhã, em frente ao Café Botânica, dentro do Jardim (detalhes sobre o estacionamento podem ser acessados aqui). 

O encontro é gratuito, mas para não associados é cobrado ingresso de R$ 15,00 (valor atualizado até janeiro de 2017). Regras sobre meia entrada e outros detalhes podem ser acessados aqui.



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Jandaias do Jardim Botânico do Rio


Jandaias (Aratinga sp.)

Habitando a copa das mais altas árvores e palmeiras do Jardim Botânico do Rio, elas talvez sejam os psitacídeos menos observados e fotografados do Jardim, mas não por falta de "gritaria". Ostentando forte vocalização, as Jandaias (Aratinga sp.) vivem em bandos e sobrevoam o arboreto sem que muitas vezes sejam notadas por grande parte dos visitantes, apesar de toda a algazarra que provocam.

Como adverte o ornitólogo Henrique Rajão, no guia de campo "Aves do Jardim Botânico do Rio de Janeiro", as populações de Jandaias no Município do Rio de Janeiro são oriundas de indivíduos de cativeiro que foram soltos ou escaparam, provenientes do Norte e Nordeste do Brasil.

No Jardim, já se acredita que as espécies que ali habitam são híbridas, possível resultado do cruzamento da Jandaia-verdadeira (Aratinga jandaya) com a Jandaia-de-testa-vermelha (Aratinga auricapillus). Elas costumam fazer ninho no oco das famosas palmeiras-imperiais (Roystonea oleracea) quando desfolhadas.

Numa dessas prazerosas caminhadas ao ar livre, tive a ocasião de observar e fotografar um par desses híbridos a uma grande altura. Levei minha câmera ao limite do zoom, daí a perda de qualidade da imagem.

Para não deixar de registrar a vocalização, fiz também um pequeno vídeo desses mesmos indivíduos, agora um pouco afastados um do outro, como se pode ver abaixo.





Pílula Ecológica

Os automóveis são responsáveis por mais de 70% das emissões de gases de efeito estufa de todo o transporte rodoviário de passageiros (fonte: WWF-Brasil).



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A Lavadeira-mascarada e o Manacá


Lavadeira-mascarada (Fluvicola nengeta
e Manacá (Brunfelsia uniflora) em flor

Os Tiranídeos (Tyrannidae) constituem a maior família de aves do Brasil, sendo talvez o Bem-te-vi (Pitangus sulphuratus) o representante mais conhecido, que pode ser encontrado em praticamente todos os cantos do país.

Aqui no Rio de Janeiro também é espécie bastante comum a Lavadeira-mascarada (Fluvicola nengeta), originalmente típica do Nordeste, mas que vem expandindo seu território para o sul do país, possivelmente em razão do crescente desmatamento.

É figurinha fácil no Jardim Botânico do Rio e tem por hábito procurar alimento no solo, chegando a caminhar sobre a vegetação flutuante. Às vezes fica empoleirada, como essa que registrei há algumas semanas.

Nesse caso, a ave parecia descansar à sombra de um extensamente florido Manacá (Brunfelsia uniflora), arbusto com pouco mais de 2m de altura que ocorre espontaneamente no Brasil e cujas flores apresentam uma característica notável: são de cor violeta no primeiro dia, lilás no segundo e quase branca no terceiro (cf. "Guia de Plantas Tropicais", de Andreas Bärtels).

Floração do Manacá (Brunfelsia uniflora)

Aproveitando para agradecer o leitor pela fiel audiência, deixo aqui uma breve filmagem desse momento, além do convite para divulgação da matéria junto a amigos e nas redes sociais. Afinal, não é só de notícia ruim que vive o homem, não é mesmo?




Pílula Ecológica

A Fundação SOS Mata Atlântica, juntamente com a Campanha da Fraternidade 2016 e com o movimento Água Limpa é a Onda organizaram uma petição pelo fim dos “rios mortos”, pela universalização do saneamento, por esgoto tratado e por água limpa nos rios e praias do Brasil. 

O objetivo é chamar atenção para a questão do direito ao saneamento básico para todas as pessoas, buscando fortalecer o empenho por políticas públicas e atitudes responsáveis que garantam a integridade e o futuro do planeta Terra.

Se você também quer participar desse importante movimento, basta acessar o link, preencher os dados e fazer sua assinatura eletrônica: https://www.sosma.org.br/peticao-saneamento/

Se você ainda não se convenceu da importância dessa petição, leve em consideração os seguintes dados:

>>> apenas 40% dos esgotos gerados no Brasil são tratados (Fontes: Diagnóstico Ministério das Cidades/SNIS 2014; e Instituto Trata Brasil)

>>> 35 milhões de brasileiros não tem acesso à água tratada (Fontes: Diagnóstico Ministério das Cidades/SNIS 2014; e Instituto Trata Brasil).

>>> 85% dos 111 rios e córregos avaliados pela Fundação SOS Mata Atlântica não apresentam boa qualidade da água (Fonte: SOS Mata Atlântica – relatório do Observando os Rios 2015)

>>> Mais de 70% das doenças que levam a internações hospitalares no país são decorrentes de contato com a água contaminada (Fontes: OMS, Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde SIH/SUS, IBGE-Morbidade Hospitalar no SUS).

Somente uma sociedade engajada pode mudar essa realidade. Assine já!



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