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Entrevista com Aisse Gaertner

Aisse Gaertner em Manaus-AM (foto: arquivo pessoal)

3 MINUTOS DE LEITURA

Guitarrista e backing vocal da Black Bird Band, uma banda cover dos Beatles de muito sucesso, Aisse Gaertner é o entrevistado de hoje do Aves & Árvores. Confira a seguir!
 

Observando aves da janela


Gavião-carijó | Rupornis magnirostris

1 MINUTO DE LEITURA

Nessa quarentena forçada que pegou quase todo o planeta de surpresa, restaram poucas opções de lazer fora da parafernália tecnológica que nos cerca, isso para quem ainda tem o luxo de estar empregado e com o salário em dia. Uma dessas opções é a observação de aves a partir de uma janela.

Para realizar a atividade não é preciso ostentar uma vista bucólica, qualquer quadrado vazado que aponte para fora é válido, mesmo em se tratando de uma cidade grande de ruas movimentadas.

Exemplo recente disso é o Gavião-carijó (Rupornis magnirostris) que consegui avistar e fotografar em uma das avenidas principais do bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro. Minha filha acordou com vontade de aprender mais sobre os pássaros após recebermos no celular o vídeo da varanda de uma amiguinha em que apareciam alguns psitacídeos nas redes de proteção.

Num desses momentos de sincronicidade junguiana fui levado até a janela pois ouvia Cambacicas (Coereba flaveola) agitadas vocalizando sem parar. Ao pegar minha filha no colo para mostrar os passarinhos, qual não foi nossa surpresa ao avistar um Gavião-carijó voando de um Oiti (Licania sp.) para um casario ao lado, onde permaneceu por alguns minutos e nos conferiu uma alegria inenarrável nesse momento de clausura.

Enquanto minha esposa e filha continuavam a fotografar o gavião, ainda tive tempo de fazer um breve registro em vídeo desse instante especial de beleza em meio ao caos que estamos vivendo.




*Publicado em 02/04/2020



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Exposição e teatro infantil no Museu do Meio Ambiente


Vai até o próximo dia 02 de fevereiro, no Museu do Meio Ambiente, localizado no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, a exposição sobre o Monumento Natural das Ilhas Cagarras, organizada pelo Instituto Mar Adentro, uma associação civil sem fins lucrativos que trabalha para produzir e divulgar o conhecimento sobre os ecossistemas aquáticos e estimular o envolvimento das pessoas com medidas de conservação ambiental.

No local também são exibidos um documentário sobre o Monumento Natural das Ilhas Cagarras e a peça de teatro infantil interativa "A Batalha da Natureza", às 11h e 15h, em que a garotada é convidada a participar de um jogo entre o time da Flora e da Fauna.

O teatro tem um grande apelo junto ao público infanto-juvenil, mas a exposição é também voltada para os adultos, trazendo imagens raras e exclusivas de espécies de animais e plantas, simulação de sítio arqueológico e mais de 100 exemplares da Coleção Zoológica Didático-Científica do Museu Nacional, salvos do incêndio de 2018, incluindo estrela-do-mar, corais, bolacha-do-mar e alguns animais empalhados, como fragata, atobá e tubarão-martelo.

Um oportunidade imperdível para estimular as novas gerações ao engajamento à causa ambiental. Os eventos, que ocorrem de quarta a domingo, são gratuitos e se encerram no dia 02 de fevereiro próximo. Corra lá e leve sua família ou seus alunos para um dia de conscientização ambiental!

*Publicado em 26/01/2020



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'Os Pássaros da América' de John James Audubon, no SESC Rio


1 MINUTO DE LEITURA
*essa matéria contém 'spoilers' da exposição A Biblioteca à Noite (The Library at Night)

De 12 de setembro de 2019 a 26 de janeiro de 2020, o SESC Rio exibe a exposição A Biblioteca à Noite, concebida pela companhia Ex Machina, do diretor canadense Robert Lepage, com base no livro de mesmo nome do escritor argentino Alberto Manguel.

Nessa obra, o autor escreve sobre a história das bibliotecas a partir da experiência de organizar os livros em sua própria biblioteca, instalada em uma construção medieval na França, ambiente esse reproduzido na exposição, que convida o leitor a pensar sobre o livro no momento atual e ouvir algumas histórias para, posteriormente, ser levado a outro espaço: uma floresta onde pode passear por diversas bibliotecas do mundo, utilizando óculos de realidade virtual.

Na Biblioteca do Parlamento de Ottawa (Canadá) há uma obra rara: Os Pássaros da América, do naturalista John James Audubon, adquirido há mais de 150 anos, contendo gravuras de dimensões em tamanho real que ilustram os pássaros mais bonitos da América do Norte.

A entrada é gratuita, mas é preciso fazer agendamento prévio no site: https://abibliotecaanoite.sescrio.org.br/

Fica a dica!

Por Cristiano Pedras

(publicado em 20/10/2019)


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Exposição sobre Charles Darwin no Jardim Botânico do Rio



1 MINUTO DE LEITURA

Inaugurada no dia 30 de agosto, a exposição gratuita 'Darwin: Origens & Evolução' ficará aberta ao público até 30 de outubro no Museu do Meio Ambiente, localizado no Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

Com 295 peças que vão de fósseis e ilustrações a fotos e obras de arte contemporânea, a mostra comemora os 210 anos de nascimento do naturalista britânico Charles Darwin, autor da teoria da seleção natural, e os 160 anos de sua obra mais relevante, "A Origem das Espécies".

Se quiser conhecer algumas curiosidades da vida do naturalista antes de ir à exposição, não deixe de ler nossa matéria Um retrato de Charles Darwin, em que fizemos uma resenha sobre o livro "Darwin - retrato de um gênio", do jornalista e historiador inglês Paul Johnson.

Por Cristiano Pedras

(publicado em 18/09/2019)


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Tempo de Magnólia e Saí-andorinha


Saí-andorinha macho (Tersina viridis
em Magnólia-amarela (Michelia champaca)
(clique para ampliar)
2 MIN, DE LEITURA

Árvore de origem asiática muito disputada pelos pássaros, a Magnólia-amarela (Michelia champaca) é de grande veneração na tradição hindu. Floresce nos meses de fevereiro e março e sua flor é empregada na fabricação de perfumes. 

Ontem, no Jardim Botânico do Rio, seus exemplares estavam bastante carregados de sementes, cenário perfeito para atrair o Saí-andorinha, que aprecia bastante sua frutificação. Contudo, não teria atentado para esse fato não fosse a generosidade que é tão comum entre os amigos de passarinhada.

Devo esse registro à fotógrafa de natureza Karolina Moreira, que indicou com precisão onde se encontrava a espécie e ficou na torcida pelo meu registro, o que acabei conseguindo, embora a fotografia não esteja nenhum primor, em razão da luz desfavorável e da limitação do equipamento, ao contrário do belo registro da Karol.


Saí-andorinha macho
(fotografado por Karolina Moreira)
(clique para ampliar)

Já estava há muitas semanas sem retornar ao Jardim Botânico, e sempre que lá me encontro há alguma novidade ou algo especial que me faz lembrar de que ali tenho amigos, floresta, pássaros e árvores, os quais, ao lado de minha família, ajudam a tornar minha vida plena de significados.

Fica aqui um abraço especial para a amiga Dora Hees, que já sentia a falta de meus textos, o que é motivo de muito orgulho e gratidão de minha parte.

Com esses registros, decreto oficialmente o início do outono!

Por Cristiano Pedras

(publicado em 25/03/2019)



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Lótus sagrado indiano floresce após mais de uma década no Jardim Botânico do Rio


Lótus-rosa (Nelumbo nucifera)
Jardim Botânico do Rio de Janeiro | janeiro de 2019
(clique para ampliar)
2 MIN, DE LEITURA

Na última quinta-feira (31), a amiga e fotógrafa Lena Trindade teve o prazer de registrar, num desses momentos marcantes em que somos surpreendidos pela natureza, o Lótus-rosa (Nelumbo nucifera), o lótus sagrado indiano, cujo florescimento não ocorria há mais de uma década no Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

Com um pouco de atraso fui até lá e fiz a fotografia que inicia a matéria, onde se vê a flor aberta, porém com algumas pétalas já caídas no pequeno lago do qual brotou, próximo à estufa de plantas insetívoras. Nada que se compare ao belíssimo registro de Lena Trindade realizado há mais de dez anos no mesmo local.


Lótus-rosa
(fotografado por Lena Trindade há mais de 10 anos)
(clique para ampliar)

A flor-de-lótus tem raízes que mergulham no fundo lodoso de uma lagoa ou rio e dali surgem hastes que se colocam acima da superfície da água. Sua coroa de pétalas com muitas camadas abrem-se ao alvorecer e acompanham o movimento do sol, e quando ele se põe as pétalas fecham-se ao redor da cápsula central das sementes. 

O lótus tem ainda a rara capacidade de controlar a sua temperatura, estabilizando-a entre 30 e 35 graus, bem próximo da temperatura normal do corpo humano.

Por essas características notáveis, sua simbologia é bastante forte nas tradições budista e hindu. 

De acordo com o monge budista vietnamita Thich Nhat Hanh, "as pessoas tendem a achar que seu verdadeiro lar é um lugar onde não há sofrimento, apenas felicidade. Não podemos fazer crescer uma flor de lótus sem lama. É apenas contra o pano de fundo do sofrimento que podemos reconhecer nossa felicidade". (trecho extraído do texto Sem lama, sem lótus)

O florescimento do lótus costuma durar poucos dias, mas com alguma sorte é possível que haja o surgimento de novas hastes florais no local. Quem sabe?

Por Cristiano Pedras

(publicado em 04/02/2019)



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Concurso SOS Mata Atlântica de Fotografia



2 MIN, DE LEITURA

Com o patrocínio da farmacêutica Sanofi, a Fundação SOS Mata Atlântica promove, com inscrições abertas até o próximo dia 05 de agosto, o Concurso SOS Mata Atlântica de Fotografia, com o objetivo de estimular as pessoas a observar e valorizar a Mata Atlântica por meio da fotografia, registrando sua percepção sobre a importância deste bioma e as causas mais urgentes para a sua conservação.

De acordo com o Regulamento, para participar é preciso residir em território brasileiro, ser maior de 18 anos e enviar até 05 fotos de sua autoria até o dia 05 de agosto. As fotos podem ter sido tiradas com máquina fotográfica ou celular e tem que ter no mínimo 3000 pixels do lado maior.

O concurso conta com um júri técnico, formado por 3 fotógrafos, 1 técnico da área ambiental, 1 publicitário e 1 representante da área de comunicação da Sanofi, que selecionará 30 fotos que serão expostas em uma mostra no final do ano, abordando os temas Florestas, Parques e Reservas, Água e Mar. Dessas fotos selecionadas, 6 trabalhos serão eleitos os melhores por voto popular, a partir do dia 21 de setembro.

Serão premiados do 1º ao 6º lugar. Todos os premiados ganharão uma Câmera Canon Rebel T7 (kit) ou equivalente e os três primeiros lugares conquistarão ainda viagens para paraísos nacionais.

Eu já fiz minha inscrição, e você? Caso tenha interesse, clique aqui e será direcionado para o link do concurso.

Por Cristiano Pedras

(publicado em 23/07/2018)



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Coruja-buraqueira em Ipanema


Coruja-buraqueira (Athene cunicularia)
(fotografada na Praia de Ipanema em 30/06/2018)
(clique na foto para ampliar)

3 MIN, DE LEITURA

O que ainda faz o carioca permanecer em sua cidade natal apesar de tanta violência noticiada nos meios de comunicação? Por que não procura uma vida nova em outro lugar onde possa viver com mais tranquilidade? Essas são perguntas que o morador do Rio de Janeiro certamente já se fez em algum momento de sua vida.

Um dos motivos mais lembrados para explicar essa irracional resistência do carioca à mudança são as belezas naturais da Cidade Maravilhosa, que justificariam de alguma forma a permanência aqui, apesar de todos os pesares.

Como carioca apaixonado por aves, acrescentaria também mais um pretexto a esse imobilismo. O que faz o carioca ficar na cidade são as inúmeras possibilidades proporcionadas por nossa avifauna urbana, de que é exemplo recente essa simpática coruja de hábitos diurnos, avistada por observadores de aves na orla de Ipanema.

Devo o registro fotográfico à generosidade de meu amigo de passarinhada José Eduardo Cruz, que informou a um grupo de aficionados por aves a localização exata da coruja, por ele avistada há cerca de uma semana, na Praia de Ipanema, às 7h30. Fotografei a coruja nesse mesmo horário, uma semana depois.

Essa ave é popularmente conhecida pelo nome Coruja-buraqueira, por cavar buracos no solo para nidificar e refugiar-se, o que justifica também seu nome científico, Athene cunicularia (cunicularia a significar "mineiro" ou "que cava túnel"). A referência à deusa da mitologia grega Atena (Athene) revela a associação popular da coruja com a sabedoria, simbolismo reforçado pela visão binocular privilegiada, ótima audição e voo silencioso dessa ave.

Ela tem por hábito peculiar pousar sobre uma perna só em locais expostos, no caso em questão sobre uma estaca de madeira. Também costuma movimentar seguidamente a cabeça para os lados, num movimento que pode alcançar 270 graus. Pode-se ter alguma ideia dessas características no vídeo abaixo, feito pouco antes da coruja voar para o alto de uma palmeira, possivelmente em razão de minha aproximação.




Para conseguir esses registros tive de me cercar de alguns cuidados esperados de um habitante da cidade grande, como deixar apetrechos pessoais em casa antes de sair e levar a câmera camuflada em uma mochila pendurada nas costas. Apesar desse constrangimento, ao final da experiência tive apenas uma certeza: enquanto houver aves a serem apreciadas na cidade, a violência urbana não há de vencer!


Pílula Ecológica

A Coruja-buraqueira é uma ave de rapina e a espécie quase não tem predadores naturais. Seu maior inimigo é o homem. O trânsito de carros sobre a vegetação da praia é o principal fator de destruição dessa coruja, pois ao passarem sobre a boca dos ninhos os veículos soterram o túnel, matando mãe e filhotes asfixiados debaixo da camada de areia em que se encontram (fonte: site Wikiaves).

Há quase uma década as marcas Osklen e Havaianas vem financiando o replantio de vegetação de restinga nas dunas de Ipanema, por meio do projeto #SOSRestinga, desenvolvido em parceria público-privada desde 2009 pelo Instituto-E.

Essa louvável iniciativa tem benefícios ecológicos evidentes. O aparecimento da coruja pode ser explicado em parte por essa intervenção, já que o trabalho realizado impede o trânsito de pessoas e veículos sobre determinadas faixas de areia, preservando o habitat natural para a coruja sobreviver e reproduzir. Apesar disso, lamentavelmente, os canteiros vem sendo destruídos por "blocos de carnaval", como recentemente noticiado pelo portal G1 (acesse a matéria clicando aqui).

Caso testemunhe algum ilícito contra a fauna e a flora, acione a Ouvidoria do Ibama, clicando aqui.

Por Cristiano Pedras

(publicado em 03/07/2018)



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Carnaval das aves no Jardim Botânico do Rio


Um multicolorido Tucano-de-bico-preto (Ramphastos vitellinus)
(fotografado no Jardim Botânico do Rio de Janeiro em 03/02/2018)

1 MIN. DE LEITURA

Mais um Carnaval se aproxima e com ele tornou-se comum, em praticamente toda a cidade do Rio de Janeiro, o cercamento dos jardins de residências, sedes de empresas e prédios públicos como medida preventiva aos foliões beberrões que, lamentavelmente, quase sempre causam danos ao meio ambiente e ao patrimônio alheio.

Há quem goste de toda essa agitação carnavalesca, dos blocos de rua e do clima de alegria e de confraternização que tem muito apelo nessa época. Outros, porém, buscam refúgio em um lugar tranquilo que favoreça a contemplação e a serenidade, enquanto o êxtase coletivo não passa.

Se você não vai sair da cidade e se encaixa no último perfil, mas não abre mão do espetáculo das cores proporcionado pelo Carnaval, uma ótima opção de lazer é visitar o Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Ali não irão faltar beija-flores, saíras e tucanos multicoloridos, além de inúmeras outras espécies da mata atlântica para apreciar e fotografar.

O Jardim Botânico do Rio estará aberto à visitação no período do Carnaval, porém os portões serão fechados durante a passagem dos blocos e reabertos depois que o trânsito nas vias próximas for liberado (os dias e horários dos blocos que passam em frente ao Jardim podem ser acessados aqui).

Por Cristiano Pedras

(publicado em 05/02/2018)



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Entrevista com Lena Trindade


A fotógrafa de natureza, Lena Trindade
(Jardim Botânico do Rio de Janeiro)

6 MIN, DE LEITURA

No último dia 10 de janeiro o site Aves & Árvores completou 3 anos de existência. Em comemoração à data, entrevistamos a fotógrafa de natureza Lena Trindade, autora de publicações sobre parques e jardins urbanos do Rio de Janeiro, dentre diversas outras obras.

A entrevista foi concedida durante o passeio de observação de aves no Jardim Botânico do Rio que encerrou a temporada do último ano. Confira!

* * *

Aves & Árvores: Como descobriu a fotografia de natureza? E o gosto pelas aves?

Lena Trindade: Quando comecei a fotografar, sempre fui atraída pela natureza, mas gostava das pessoas que tinham uma relação com a natureza, como o pescador, o seringueiro, o artesão. Em uma viagem que fiz para a Amazônia caminhei muito e descobri o prazer de andar pela natureza. Quando retornei de lá para o Rio de Janeiro procurei por grupos que saíssem para a natureza, alpinistas, orquidófilos, até que li matéria em uma revista falando do Clube de Observadores de Aves (COA/RJ). Eu não era observadora de aves, mas pensei: "quem quer observar aves vai para a mata", então fui aos encontros com esse interesse, ir para a mata, até que me apresentaram um binóculo e, no que eu vi uma ave chamada "Viuvinha" fiquei absolutamente impressionada com os detalhes da beleza da plumagem. Até aí a natureza era o fundo para os personagens, a partir de então tirei os personagens e fiquei com a natureza pura, com as aves, borboletas. Atualmente, estou num momento em que junto tudo, integro o homem na natureza.

Aves & Árvores: O que mais estimula seu trabalho, a busca pelo registro de uma espécie ainda não fotografada ou de alguma já registrada, em uma situação ou flagrante especial?

Lena Trindade: Eu não tenho essa preocupação com aquela ave que não tem registro, que ninguém fotografou. Claro que todo mundo gosta de fotografar algo inusitado, que ninguém nunca fez. Eu, por exemplo, tenho um desejo de fotografar a Saíra-apunhalada, ainda não consegui, mas ainda não investi nisso. Não chega a ser uma obsessão, mas claro que se ocorrer ficarei muito feliz.

Aves & Árvores: Pode indicar uma ave de que tenha tido bastante satisfação em fotografar? Tem uma ave preferida?

Lena Trindade: Não tenho uma ave preferida, mas lembro do prazer enorme de fotografar o "Tiê-sangue" em Cabo Frio. É um pássaro que tem uma ligação forte com a restinga e eu sou de Cabo Frio, então foi muito prazeroso fotografá-lo, inesquecível. A beleza dessa ave é algo fora do comum. As aves têm cada uma sua beleza particular.



"Tiê-sangue" (Ramphocelus bresilius)
fotografado por Lena Trindade em Cabo Frio/RJ

Aves & Árvores: No fim do ano passado foi lançada uma nova edição do excelente Guia das Aves do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, em que você contribuiu originalmente com inúmeros registros fotográficos da avifauna local. Há novidades captadas por suas lentas nessa recente edição?

Lena Trindade: Ainda não é uma edição como nós queremos. Não houve ainda oportunidade, por falta de patrocínio, de investir num livro completo com todas as novidades que o Jardim apresentou e que a gente gostaria de fazer, mas conseguimos colocar nessa edição algumas aves que estão ainda sem verbete, sem verbete em inglês, mas em que há o registro fotográfico, como o "Bentevizinho-de-asa-ferrugînea", uma foto muito interessante em que consegui registrar a crista e o ferrugíneo da asa, além do "Socó-boi". Outros registros ficarão para uma próxima edição.

Aves & Árvores: Considera o Jardim Botânico do Rio de Janeiro um local especial para a fotografia?

Lena Trindade: O Jardim Botânico é absurdamente especial, sempre apresentando novidades, você tem surpresas o tempo todo, com espécies novas e essa possibilidade advém do fato desse corredor que ele faz com a Floresta da Tijuca. Aqui há uma riqueza muito grande e é um local de extrema segurança e isso faz diferença. Aqui você pode ficar sozinho, tranquilo. Há lugares bons, como Parque Laje, Bosque da Barra, a Floresta da Tijuca é espetacular, mas segurança igual aqui não tem. Semana retrasada vimos aqui o "Bigodinho", uma ave que é linda e que eu nunca tinha visto aqui, não sei se ela vai começar a aparecer aqui. É capaz dela se tornar habitual aqui. Se isso ocorrer vai acabar entrando no Guia das Aves.

Aves & Árvores: Há ótimas publicações de sua autoria sobre parques urbanos no Rio de Janeiro; as árvores também ocupam um lugar especial em seu trabalho?

Lena Trindade: Eu acho que qualquer observador de aves tem que ter um interesse também muito grande pelas árvores, porque é lá que elas vivem. É um descanso ver uma árvore frondosa. Aqui no Jardim Botânico eu não perco nunca o grande fenômeno que é a aleia do Pau Mulato, se transformando da cor azeitona, para o cobre, dourado. A Sumaúma há pouco tempo invadiu o Jardim com sua floração, parecendo neve caindo. A floração dos ipês é linda, tem o amarelo, tem o rosa, o de bola. Para mim, as aves são indissociáveis das árvores.

Aves & Árvores: Recentemente, você participou do lançamento do livro “Plantas do Jardim” (editora Papelera Cultural). Pode falar um pouco dessa publicação e de sua participação na obra?

Lena Trindade: Esse livro não é um projeto meu, mas fui convidada a participar pela Daniela James, que ilustrou o livro, e que foi escrito pela Simone Intrator. Não sabia inicialmente qual era o conceito exato. Fiquei surpresa em ver uma obra muito bem editada, em um conceito quase infanto-juvenil, para pessoas que além de ver querem aprender alguma coisa. São cerca de 30 plantas do Jardim com características peculiares. Temos o Pau-brasil, que é uma árvore que dá o nome ao nosso país, a Palmeira Imperial, que tem toda uma história ligada com o Jardim Botânico. O livro é dividido em segmentos: árvores, bromélias, cactos e insetívoras. É um livro bastante didático. Por exemplo, muita gente não sabe que o abacaxi é uma bromélia. O livro tem um glossário que diz o que é bioma, traz também algumas ervas medicinais. A pesquisadora Nara Vasconcelos já trabalhou muito tempo no Bromeliário, é bióloga e foi quem forneceu o embasamento científico por trás do livro. Gostei muito de participar.


Detalhe do livro "Plantas do Jardim"
(editora Papelera Cultural)

Aves & Árvores: Que dicas poderia dar aos iniciantes na fotografia de natureza? Há alguma orientação especial para fotografar as aves e as árvores?

Lena Trindade: Em primeiro lugar, estar na natureza o máximo possível, pois é ali onde tudo acontece e muitas vezes saímos de casa para fazer uma coisa e voltamos com outra. Eu desenvolvo um trabalho que já tem muitos anos, mas que não depende da minha determinação, que é camuflagem e mimetismo na natureza. Não tem como você sair e dizer "vou fotografar o bicho-pau", ou você encontra ele no dia por acaso ou não vai ter a foto dele. O grande barato é estar sempre com a máquina fotográfica. Atualmente os celulares estão com uma capacidade de registro muito boa. Depois do advento da digital é um prazer não só observar a natureza como registrá-la. Outra dica é procurar as pessoas que conhecem o assunto, os biólogos, para saber o comportamento da fauna. Eu já fiquei um tempo para fotografar a "Borboleta-da-praia" (Parides ascanius) e ia sempre nos horários errados, até que fui saber que ela só voa no início da manhã ou no começo da tarde.

Aves & Árvores: Gostaria de deixar um recado final aos nossos leitores?

Lena Trindade: Devemos valorizar nossa linda natureza brasileira, observando, frequentando, divulgando. Onde você estiver sempre terá a oportunidade de ver uma ave bonita, uma árvore, uma planta. Aqui no Rio de Janeiro há tantas possibilidades, a natureza é tão rica, temos a pista Claudio Coutinho, o mar, as aves marinhas. Basta estar um pouco atento que você irá começar a gostar e isso é importante, precisamos disso, quanto mais gente observando e apreciando melhor.

* * *

Novidade em 2018

O Aves & Árvores inaugurou um canal no Telegram, destinado a notificar os leitores sobre as novidades publicadas no site. Para se inscrever basta acessar https://t.me/avesarvores de seu celular e entrar no canal.

Os serviços é gratuitos e os dados dos usuários nunca serão compartilhados com terceiros. Somente enviaremos notificações referentes às novidades publicadas no site Aves & Árvores.



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Viagem pelo Brasil: Spix e Martius no Jardim Botânico do Rio


Lagoa das Aves, no rio São Francisco, atribuída a Martius
(reprodução integrante da exposição "Natureza, ciência e arte
na Viagem pelo Brasil de Spix e Martius - 1817-1820" - Jardim Botânico do Rio de Janeiro)


2 MIN, DE LEITURA

Por meio da exposição "Natureza, ciência e arte na Viagem pelo Brasil de Spix e Martius - 1817-1820", de curadoria do ilustrador botânico Paulo Ormindo, o Jardim Botânico do Rio de Janeiro celebra os 200 anos da expedição dos naturalistas bávaros Spix e Martius pelo Brasil do início do século XIX.

Johann Baptist von Spix, zoólogo, e Carl Friedrich Philipp von Martius, botânico, partiram em missão científica para a América do Sul que acompanharia a arquiduquesa Leopoldina da Áustria em sua viagem para o Brasil, por seu casamento com o então príncipe regente Pedro de Alcântara, futuro Imperador do Brasil, Dom Pedro I.

Da expedição que durou três anos e percorreu várias províncias, do Rio de Janeiro à Amazônia, resultaram materiais e obras importantes para os estudos futuros sobre o Brasil, sendo a mais popular os três volumes de Reise in Brazilien (Viagem pelo Brasil), uma narrativa com textos e imagens sobre a fauna e a flora brasileiras, além de registros etnológicos dos povos indígenas.

A mostra é composta por exemplares originais dos principais títulos publicados por Spix e Martius, todos livros raros pertencentes ao acerco da Biblioteca Barbosa Rodrigues, do Jardim Botânico. Também conta com ilustrações originais e reproduções de trabalhos dos próprios naturalistas e de artistas que com eles colaboraram.

A exposição estará aberta ao público entre os dias 21 de outubro de 2017 a 20 de janeiro de 2018, no Museu do Meio Ambiente, localizado no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, nos seguintes horários: segunda, das 12h às 17h; terça a domingo, das 9h às 17h. Entrada franca.

*Em 2021 foi lançada a Exposição virtual Spix e Martius, uma viagem pelo Brasil, 1817 - 1820 que pode ser acessada aqui.


Mensagem de Fim de Ano

O site Aves & Árvores fará uma pausa de fim de ano. Retornaremos em breve com uma entrevista especial em comemoração ao terceiro ano de criação do site, a ser completado no mês de janeiro de 2018. Desejamos a todos boas festas e um ano novo de muita paz, saúde e prosperidade!



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Concerto ecológico no Jardim Botânico - RJ


Os Pequenos Mozart e Amadeus no Jardim Botânico do Rio

1 MIN, DE LEITURA

Além de conceituado instituto de pesquisa botânica, o Jardim Botânico do Rio é reconhecidamente um espaço de lazer e contemplação da natureza, refúgio para quem busca sossego e tranquilidade na cidade grande.

Ontem (22/10), o Jardim ofereceu uma programação especial no arboreto: Os Pequenos Mozart e Amadeus - grupo composto por crianças a partir de 3 anos que tocam violinos vestidas com roupas da época do compositor Wolfgang Amadeus Mozart (séc. XVIII) - apresentaram notável repertório que foi da música clássica à música popular brasileira, em frente ao Busto de dom João VI.

Na abertura, a Primavera de As Quatros Estações de Vivaldi lembrava a chegada da estação há exato um mês por aqui. A Nona Sinfonia de Beethoven, que remete ao Hino à Alegria, poema escrito por Friedrich Schiller e cantado no quarto movimento da sinfonia, evocava a visão idealista dos seres humanos vivendo em irmandade, algo bastante necessário nos dias atuais.

O encanto proporcionado pelos sons dos instrumentos ecoando através das árvores do Jardim é uma experiência indescritível, e reacende a esperança em um mundo melhor, enquanto houver crianças sensíveis, boa música e natureza preservada.



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