Passarinhada em comemoração aos 30 anos do COA-RJ


Casal de Saíra-sete-cores (Tangara seledon)

No último sábado (29 de agosto) realizou-se no Jardim Botânico do Rio de Janeiro uma especial passarinhada em comemoração aos 30 anos do Clube de Observadores de Aves (COA-RJ), numa rara oportunidade de confraternização entre alguns dos sócios-fundadores do Clube e a nova geração de observadores de aves.

Particularmente, eu ainda não havia estado "em campo" com autoridades da ornitologia brasileira da envergadura de José Fernando Pacheco, membro do Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO) e responsável pela revisão e ampliação da mais completa obra de ornitologia do país, de autoria do patrono do COA-RJ, Helmut Sick (1910-1991). Pacheco também é responsável pela descoberta da ave Tapaculo-ferreirinho (Scytalopus pachecoi), cujo nome científico lhe rendeu a merecida homenagem.

Como um dos poucos que testemunharam a criação da seccional carioca do até então Clube de Observadores de Aves, de abrangência nacional, Pacheco traçou um breve histórico da agremiação, salientando a atmosfera de informalidade (e também, diria eu, de cordialidade e acolhimento) que faria do Clube uma instituição que perdura no tempo.

Ressaltou, ainda, que o Clube foi responsável por pelo menos duas grandes e importantes descobertas ornitológicas, o que demonstra que a atividade de observação de aves, para além de um hobby prazeroso, constitui uma importante ferramenta científica. Ao estimado Pacheco, fica aqui meu agradecimento pela paciência e solicitude com que sempre esclareceu as naturais curiosidades e dúvidas levantadas por um mero iniciante no mundo das aves (o vídeo completo do discurso de Pacheco pode ser acessado no canal de Aisse Gaertner no Youtube).

E falando nas aves, a passarinhada foi recheada delas. A começar pela "temporada de ninhos" que definitivamente teve início no Jardim Botânico. Na região do Jardim conhecida como "restinga" foi possível ver parcialmente um Risadinha (Camptostoma obsoletum) alimentando um filhote dentro do ninho montado junto à ramagem, como é característico da espécie.


Risadinha (Camptostoma obsoletum) alimentando filhote

Mais alguns passos adiante, às margens do pequeno lago da restinga, um Teque-teque (Todirostrum poliocephalum) foi flagrado próximo ao ninho em plena construção, com sua tradicional forma pendular, na ponta de um galho bem baixo.


Teque-teque (Todirostrum poliocephalum) e ninho em construção

No início do Caminho da Mata Atlântica, na parte mais alta do Jardim Botânico, presenciei uma cena até então inusitada para mim. Um Gavião-carijó (Rupornis magnirostris), que se encontrava no topo de uma árvore bem alta de cerca de 40m de altura, voou como uma flecha na direção do chão até pousar em uma construção próxima. Fiquei a poucos metros do gavião, o mais perto que consegui até agora, e isso me valeu um registro razoável.


Gavião-carijó (Rupornis magnirostris)

E aquele era o dia dos animais mostrarem-se bem perto aos observadores. No meio do Caminho da Mata Atlântica, foi impossível deixar de registrar o olhar misterioso de um Macaco-prego (Cebus apella) abraçado a um pequeno tronco de árvore projetado logo acima de nossas cabeças!


Macaco-prego (Cebus apella)

No final da passarinhada, bastou o sol iluminar com intensidade os frutos das palmeiras Corozo (Attalea cohune) que ficam próximas ao Lago Frei Leandro para as belíssimas Saíras-sete-cores (Tangara seledon) darem o ar de sua graça. Além da foto que inicia esse post, foi possível efetuar outro belo registro, que encerra a nossa história até aqui.


Saíra-sete-cores (Tangara seledon)

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4 comentários:

  1. Mais uma ótima postagem! É sempre um deleite acompanhar o seu relato sensível e antenado.
    Grato pela menção e palavras gentis, J F Pacheco

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    1. Eu é que tenho a agradecer Fernando, por sua disponibilidade e generosidade de sempre. Sinto-me muito honrado em tê-lo como leitor do blog. Obrigado por deixar suas igualmente gentis palavras aqui. Um grande abraço e até uma próxima oportunidade!

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  2. Lindas as fotos desta passarinhada! Cada dia mais apaixonada por estas aves que nos rodeiam discretamente! E o que dizer da foto deste Macaco Prego? Agradecer de se estar vivo para compartilhar da expressão tão singela em seu olhar! Parabéns filho pela sua dedicação em registrá-las.

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