Lições de um casal de Tico-tico


Casal de Tico-tico (Zonotrichia capensis)

Oi amigos, tudo bem? Hoje gostaria de dividir com vocês um pouco da sensação que experimentei ao contemplar um casal de Tico-tico (Zonotrichia capensis), no Jardim Botânico do Rio, por ocasião do feriado de Tiradentes.

A referência ao mártir da Inconfidência Mineira, aliás, é bastante pertinente, porque sua luta significou para nós, humanos, a busca da tão sonhada liberdade, e não concebo nada que se aproxime mais simbolicamente desse conceito do que poder observar aves silvestres em seu habitat natural.

Uma das poucas vantagens de ser apaixonado por aves, mas não ter formação em ornitologia, é poder observá-las da forma mais descompromissada possível, chegando a conclusões pessoais - ainda que equivocadas - acerca do comportamento desses maravilhosos seres alados.

Falo, aqui, dos prazeres da contemplação, da imaginação e da descoberta. De poder fazer anotações durante as "passarinhadas", para depois, finalmente, confrontar com aquilo que dizem os especialistas. E foi exatamente isso que fiz, sem planejamento prévio, sobre o casal de Tico-tico que trago nesse post.

Enquanto observava no binóculo esse casal, que estava próximo a um Cambuí-vermelho (Myrcia selloi) em frutificação, fiz os seguintes apontamentos: "silenciosos (fazem o mais absoluto silêncio para se alimentar)"; "se alimentam no chão"; "cavam o solo com as patas e bico para desenterrar os alimentos". Em outra oportunidade, observei um indivíduo adulto cantando durante um bom tempo, e escrevi: "pode ficar vocalizando (cantando) sozinho empoleirado, por vários minutos, às vezes uma manhã inteira".

Reunidas essas informações, consultei então o site Wikiaves, assim como a "bíblia" da Ornitologia Brasileira, de Helmut Sick, e pude então verificar várias semelhanças nas descrições. Tive o prazer de descobrir que há até um verbo bastante usado para o comportamento de revolver a terra com as unhas, em busca de alimento: "esgravatar" ou "esgaravatar". Mas também aprendi que a ameaça à população dos Tico-ticos se dá por cuidarem regularmente dos filhotes do Vira-bosta (Molothrus bonariensis), ave de hábitos reprodutivos parasitários, e não pela presença dos pardais, como popularmente se acredita.

Penso que a riqueza de informações como essas, que podem ser extraídas da atenta observação do comportamentos das aves, é um dos motivos que fazem com que essa atividade cresça a cada ano, no Brasil e no mundo. Afinal, as aves estão espalhadas pelos mais diversos biomas em todos os cantos do planeta, e podem ser observadas por qualquer pessoa minimamente interessada.

Retornando a Tiradentes, quem não as invejaria pela possibilidade de alçar voo, sem ter de pagar altos impostos à Coroa portuguesa?



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2 comentários:

  1. Verdade filho! Basta se olhar para qualquer canto de onde estivermos para nos depararmos com algum pássaro! Difícil é podermos contemplá-los, quer pela nossa corrida do dia a dia quer pelo seu efêmero vôo, nesta cidade tão conturbada!

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    1. Verdade, mãe. Mas o importante é separarmos um tempo para a contemplar a natureza, seja na cidade ou no campo. Um grande beijo.

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